Carrefour busca fusão com Grupo Pão de Açúcar
23/05/2011

Carrefour busca fusão com Grupo Pão de Açúcar

A decisão teria sido estimulada pelas dificuldades enfrentadas pelo gigante francês no Brasil, conforme noticiou a imprensa francesa, no último domingo. De acordo com o "Journal du Dimanche" e o "Le Figaro", o Grupo Carrefour até já concedeu mandato ao banco de investimentos Lazard para estudar a possibilidade de fusão entre sua filial brasileira e o Grupo Pão de Açúcar.

Uma fonte ligada ao Grupo Pão de Açúcar disse que há um grupo de acionistas minoritários no Carrefour que pode querer se desfazer de alguns ativos, assim como aconteceu na Tailândia, vendida para o também francês Casino, que, no Brasil, é sócio do Pão de Açúcar. "Nesse caso, a negociação poderia ocorrer diretamente entre Carrefour e Casino na França", afirma a fonte que preferiu o anonimato. Na época da compra da unidade tailandesa do rival, o Casino divulgou que via potencial de vendas de 2,4 bilhões de euros anuais naquele país. Um montante bem inferior ao gerado pela filial brasileira do Carrefour.

"O Brasil é importante para a receita do Carrefour, mas não adianta ser importante e não ser sustentável", diz a fonte, referindo-se à fraude contábil descoberta no ano passado (veja intertítulo nesta matéria). A receita bruta da operação brasileira da varejista francesa, de R$ 29 bilhões em 2010, é inferior à do Pão de Açúcar (que teve vendas de R$ 36,1 bilhões em 2010, considerando Ponto Frio e Casas Bahia). Juntas, as duas redes teriam pouco mais de 30% das vendas totais do setor de supermercados, que somaram mais de R$ 200 bilhões em 2010. Procurados, o Carrefour Brasil e o Grupo Pão de Açúcar informaram que não comentam rumores.

Problemas
No ano passado, a matriz do Carrefour detectou uma fraude contábil avaliada em 550 milhões de euros nas contas da operação brasileira. A origem do problema foi a forma como a subsidiária contabilizou bonificações recebidas de fornecedores e os volumes de estoques de produtos nas lojas. A empresa teria vendido menos do que o previsto nos últimos anos, mas não teria dado "baixa" nos números, o que "inflava" os resultados apresentados à França.

Pesquisa: Gestão Informativo-Orus
Fonte: Valor Econômico