Frutas no Mercadão são mais caras; já itens de armazém ficam na média
23/01/2013

Frutas no Mercadão são mais caras; já itens de armazém ficam na média

Produtos do Mercado, que completa 80 anos nesta semana, são considerados melhores em teste
Apesar de custarem mais, morango, limão, banana e maçã estão sempre prontos para consumo, diz consultor
Famoso por atrair milhares de turistas todos os dias atrás de sanduíches de mortadela e pastéis de bacalhau, o Mercado Municipal de São Paulo também é centro de compras para gourmands, chefs de restaurantes e pessoas que gostam de se arriscar na cozinha.
Comprar no Mercadão, que completa 80 anos na sexta, é um passeio charmoso -apreciar o prédio que já foi considerado bonito demais para ser um mercado e beliscar frutas exóticas. Mas a pergunta é: vale a pena para o bolso?
A Folha comparou o preço de frutas e produtos vendidos no local com o de um empório e de duas grandes redes de mercados em São Paulo. A pesquisa foi feita em 10 e 11 de janeiro em 15 barracas do Mercadão, na Casa Santa Luzia e em unidades do Walmart (Pacaembu) e do Pão de Açúcar (Vila Mariana e Itaim Bibi).
O resultado mostra que, em geral, o preço médio de frutas do Mercadão é mais alto do que nos outros lugares, enquanto os itens de armazém (bacalhau, azeite extravirgem, queijo de cabra e damasco seco) estão na média do praticado pela cidade.
Para o bom comprador, no entanto, não é só o preço que conta. A qualidade das frutas pode justificar o preço azedo.
Em uma avaliação feita pela Folha com cinco delas (morango, cereja, maçã fuji, banana prata e limão siciliano), os produtos do Mercadão aparecem como os melhores.
O comprador do Madureira Sucos, Carlos da Silva Ribeiro, que não sabia de onde vinham as frutas, fez o teste em 15 de janeiro. Elas foram compradas no mesmo dia.
Uma maçã fuji, que pode ser vendida em uma barraca do Mercadão a R$ 4 a unidade, custa, no máximo, R$ 7,40 o quilo nos outros locais.
"As maçãs [do Mercadão] são maiores e mais brilhosas, enquanto as outras são miúdas e estão até um pouco amassadas", analisa Ribeiro.
A liderança também se provou na análise do limão, da banana e do morango, que estavam no ponto certo para consumo -no Mercadão, esses itens também são mais caros. O posto de melhor cereja ficou com o Walmart, que a vende pelo menor preço.
"Em geral, todos os mercados compram no Ceagesp, mas as frutas do Mercadão são a seleção da seleção", diz Bruno Consentino, gerente da Casa Gonsalez, que ganhou em quatro categorias. "Nosso consumidor é mais exigente."
A avaliação também usou produtos da Barraca da Juca, segundo lugar em qualidade.
O empório Casa Santa Luzia afirmou que sua política de preços prioriza a qualidade. O Pão de Açúcar informou que mantém uma rigorosa seleção de fornecedores. O Walmart não se manifestou.
IR OU NÃO IR?
Apesar da qualidade e da grande oferta, nem todos os chefs levam suas cestas ao Mercadão. Alguns apenas trabalham com fornecedores de lá -um dos preferidos é o Porco Feliz, que tem cortes exclusivos de carne suína.
"Minha cozinha é italiana, não uso jabuticaba nem outras frutas brasileiras, que são o destaque de lá", diz o chef Salvatore Loi, do Girarrosto. Ele costuma levar amigos italianos para conhecer as barracas. "Mas nunca comi sanduíche de mortadela."
Já o chef Flávio Miyamura, do Miya, gosta de ir ao Mercadão comprar graviola, cacau e cupuaçu. "O preço do não é o de feira, mas sempre tenho a garantia de que vou encontrar a fruta no ponto."
O lugar é destino semanal de Marcos Guardabassi, do Templo da Carne, que trabalhou lá dos 12 aos 13 anos. "O atendimento é primoroso."