O apetite dos chilenos pelo mercado brasileiro
22/11/2011

O apetite dos chilenos pelo mercado brasileiro

Compra de Prezunic não assusta concorrência carioca.
Pelo menos é o que garante Ronaldo Teixeira, gestor geral do Supermercados Princesa, 18 lojas e R$ 308 milhões de faturamento em 2010. Na opinião do executivo, nada muda neste primeiro momento, com a compra do Prezunic pelo Cencosud. "A experiência do grupo chileno no Brasil é com o Nordeste, por onde começaram suas aquisições, um mercado diferente do Sudeste, em especial do Rio de Janeiro. O grupo, portanto, deverá dar continuidade ao que o Prezunic já fazia, uma vez que desconhece o consumidor local. Não há motivos para mudarmos nossa estratégia de atuação. A concorrência continuará a mesma”, afirma.

Ricardo Bicov, consultor especialista em varejo da RTC Consultoria, não concorda. Segundo ele, o Cencosud entrará no estado com todo vapor, obrigando os varejistas do Rio de Janeiro – e não somente os pequenos e médios – a se preparar para novos tempos. “Só sobreviverão aqueles que estiverem enquadrados às novas legislações trabalhistas, tributárias e até mesmo sanitárias. Cada um terá que melhorar sua gestão, ter uma operação mais ajustada, sem muitas perdas e sobras, o que hoje não é fácil de encontrar no Rio de Janeiro”, diz.

Para Ricardo Scaroni, professor de marketing e varejo da ESPM do Rio de Janeiro, as redes estrangeiras adotam práticas profissionais, que aumentam a eficiência da operação e a competitividade no mercado. "Mais do que mexer no preço das mercadorias, as redes locais terão de olhar para dentro de suas operações para buscar eficiência e aumento na rentabilidade.

Além dos reflexos no mercado carioca, a compra do Prezunic sinaliza o apetite dos chilenos pelo mercado brasileiro e a alta velocidade de crescimento. Depois de ter comprado G Barbosa, o Cencosud arrematou no nordeste a rede Família, Perini e Mercantil Rodrigues. E, no ano passado, comprou também a maior empresa mineira, Bretas, além de ter arrendado e inaugurado lojas.

É verdade que a empresa está longe dos gigantes, mas é verdade também que sua expansão lhe dá cada vez maior poder de fogo. O Cencosud no Brasil deve faturar mais de R$ 8 bilhões, porém ainda se manterá bem distante do Walmart, 3ª empresa no ranking em faturamento, cujas vendas somam mais de R$ 23 bi.

Segundo o professor Ricardo Scaroni, a tendência de concentração de mercado deve se intensificar nos próximos anos, graças à expansão de Cencosud e outras redes, e também ao fato de existirem ainda muitas empresas com potencial de compra. Mesmo assim, Scaroni afirma que o Brasil está muito distante da concentração que existe na Europa.

“A aquisição do Prezunic demonstra apenas que existem oportunidades de bons negócios para redes capitalizadas. As redes regionais brasileiras são bem operadas, o que as tornam excelentes alvos para quem quer crescer”, afirma o professor.

Essa opinião é compartilhada pelo diretor do Instituto do Varejo do Rio de Janeiro (Ivar-Rio) e professor da Fundação Getúlio Vargas, Juedir Teixeira. Ele lembra que o varejo brasileiro é muito pulverizado pela própria dimensão continental do país. “Entre os 250 maiores varejistas do mundo, apenas oito estavam na América Latina até o ano passado, sendo duas no Brasil. Com a compra da Casas Bahia pelo Pão de Açúcar, temos agora apenas o grupo de Abílio Diniz entre os 250 maiores. Ainda há muito espaço para novas aquisições, seja por grupos estrangeiros ou nacionais”, diz Teixeira.

Pesquisa: Gestão Informativo-Orus
Fonte: SM