Perdas no varejo chegam a R$ 11,6 bilhões
17/05/2010

Perdas no varejo chegam a R$ 11,6 bilhões

As grandes redes chegam a investir até 30% de seu lucro em tecnologias para reduzir esse valor desperdiçado, que se refere ao período entre julho de 2008 e julho do ano passado, conforme pesquisa realizada pelo Provar (Programa de Administração do Varejo). Entre as principais causas de perdas está a quebra operacional, com 40,3% das ocorrências. Em seguida aparecem furtos externos, com 19,2%; furtos internos, 18,9%; erros administrativos, 14%; de fornecedores, 5,8%; e outras razões somam 1,7%. A perda média das empresas brasileiras de varejo foi de 2,05% do faturamento. O levantamento do Provar contou com a participação de 77 companhias que, juntas, somam 269 mil colaboradores e mais de três mil lojas com faturamento de R$ 66,6 bilhões. O Brasil é o sétimo País com mais problemas de perdas, de acordo com dados de um levantamento feito pelo Centro de Pesquisas do Varejo, na Grã-Bretanha. Os gastos com segurança e prevenção contra furtos e perdas somaram R$ 293 milhões de julho de 2008 a julho de 2009. Tecnologia vira aliada Diante desse cenário, que abrange indústrias, redes de varejo e milhões de consumidores, a tecnologia é uma aliada imprescindível na composição do negócio e avança no uso de sistemas integrados para controlar estoques, na distribuição e alocação de mercadorias, nas vendas e na prevenção a perdas. Entre as grandes do setor, o Grupo Pão de Açúcar é um dos que mais investem em novas tecnologias. "O investimento em tecnologia representa praticamente de 25% a 30% do lucro da companhia. Isso é uma estimativa de gastos diretos em tecnologia da informação, mas tem muitas outras áreas que têm relação com tecnologia e que não estou incluindo. Nosso centro de distribuição, por exemplo, e as próprias lojas", disse o presidente da empresa, Enéas Pestana, em palestra na 26ª edição da feira da Apas, que aconteceu durante a semana passada. Exemplo desses aportes é a loja do Pão de Açúcar no Shopping Iguatemi, em São Paulo, onde foram investidos R$ 8 milhões em parceria com grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, IBM, Megamídia, Toledo, RR Etiquetas, Itautec e Software Express. Lá, determinados produtos, como vinhos, têm a etiqueta RFID, que emite sinal a uma leitora. A energia do sinal de radiofrequência alimenta um chip conectado a uma antena.A etiqueta RFID comunica sua informação de identidade única para a leitora. Na prática, é possível pôr um vinho no carrinho de compras e ser informado de qual tipo de queijo combinara melhor com a bebida. Isso é feito por meio de televisores dentro o alcance da antena, que vai de 3 a 10 metros. A aplicação desse tipo de tecnologia auxilia também a logística, a rastreabilidade do produto, e inventários, entre outras coisas. Cada etiqueta RFID custa, em média, US$ 0,05. Para Pestana, as etiquetas de radiofrequência irão revolucionar o cotidiano do ponto de venda. "A única questão limitadora é que ainda custa muito caro", acredita ele. Carrefour faz parcerias A rede francesa Carrefour, em parceria com a GS1 (Associação Brasileira de Automação) e com a Abras (Associação Brasileira de Supermercados), está desenvolvendo o cadastro nacional de produtos, que é uma sincronização de dados disponíveis para o controle tanto do varejista quanto do fornecedor, com dados específicos e minuciosos de um produto. Ney Santos, diretor de Tecnologia e Processos do Grupo, diz que o sistema deve estar em funcionamento até o fim do ano. "O sistema vai facilitar toda a logística da mercadoria. São muitos os processos que hoje são auxiliados pela tecnologia, todos suportados para garantir a padronização, ao receber mercadoria, ao expor produtos, trocar preços, pesar produtos, e inventariar o estoque das lojas", afirma o executivo. De acordo com Robson Munhoz, da Bis Company, que desenvolve informações sobre o sortimento de produtos e atende Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, a prevenção contra perdas nas vendas pode ser aplicada também ao controle de estoque. "Nós criamos uma ferramenta com um código que especifica o estoque virtual: com tecnologia baseada em algoritmos, ela detecta, por exemplo, quando o produto não está mais sendo vendido, mas ainda consta do estoque. Isso gera prejuízo para o varejista, o que pode caracterizar perda ou furto da mercadoria", explica o empresário. Para ocorrências com clientes, o mercado oferece uma série de soluções que vão de câmeras de vigilância a etiquetas eletrônicas que disparam o alarme do controle de saída da loja. "Para uma loja do tamanho do Carrefour, por exemplo, custa em média R$ 130 mil cada", afirmou Luiz Fernando Sambugaro, da Gateway, sobre o equipamento do ambiente.