Ruptura: inimigo invisível das vendas
10/10/2011

Ruptura: inimigo invisível das vendas

Você sabia que o Índice de Ruptura no setor é de 10,2% e o de Estoque Virtual, de 5,6%? Neste cenário certamente muitas vendas foram perdidas; por isso, as causas e possíveis soluções precisam de especial atenção
O problema da ruptura, a falta de produtos nas gôndolas dos supermercados, não é exclusividade deste ou daquele agente da cadeia de abastecimento, mas de todos os envolvidos – varejistas e fornecedores –, pois as temidas rupturas causam estragos que nem sempre são avistados a olho nu, muito menos mensurados e resolvidos.
Acabar com as rupturas é tarefa árdua, pois elas ocorrem pelos mais variados motivos, que serão destacados no decorrer desta reportagem. Mas se o problema receber a devida atenção, a redução significativa é certa e os danos serão amenizados. A questão é que o shopper (pessoa que está na loja comprando) que procura um item e não o encontra na gôndola tem como primeira reação a insatisfação e pode chegar ao extremo de abandonar seu carrinho e trocar de loja. O varejista vai perder muito mais que a venda, a má experiência de compra influenciará na fidelidade do cliente, dependendo da situação e do que ele procura. Na hipótese mais favorável para o supermercadista, o cliente poderá comprar outra marca. Mas, de qualquer forma, alguém sairá perdendo.

O pior disso é que muitas vezes supermercadistas e fornecedores não se atentam sobre quanto a ruptura está afetando as vendas, o negócio de cada um. Até por conta do desconhecimento, as causas e perdas se manterão. “A cadeia de suprimentos é composta por um emaranhado de várias estruturas e componentes, e seu grande desafio é fazer com que todos se articulem e interajam para reduzir ou eliminar as rupturas”, afirma o coordenador do comitê de prevenção de perdas da Abras, Marcelo Tavares.
Segundo ele, reverter a situação causada pela ruptura é um processo muito complexo. “Devemos levar em conta que qualquer problema ocorrido em algum dos elos dessa cadeia repercutirá nos outros”, destaca.
Não por acaso, os especialistas no tema sugerem que o primeiro passo seja mensurar o impacto da ruptura e depois identificar onde estão os erros, mudar processos e buscar as devidas soluções. Parece até simples, mas depende de algo mais.
“Infelizmente, boa parcela dos supermercadistas não conhece o tamanho da ruptura em sua loja. Essa ausência de medida acaba por gerar interpretações equivocadas, que podem afetar uma tomada de decisão. Criar ferramentas e medir a amplitude das rupturas em cada uma das unidades de negócio é o primeiro passo para reduzi-las ou eliminá-las. A partir daí, um amplo e contínuo projeto de redução deve ser implantado, identificando cada uma das causas e suas respectivas ações para equacioná-las”, complementa Tavares.
Reposição
Muitos dos problemas que levam à ruptura são operacionais. O vice-presidente de vendas da Procter & Gamble (P&G) para a América Latina, Cyro Gazola, falou a SuperHiper sobre esse tema, que está sempre em voga na companhia. Inclusive, em 2004, a P&G realizou importante pesquisa. Para ele, as rupturas estão relacionadas ao fundo da loja. Ou seja, o varejista pode ter o produto em estoque, mas ele não está no ponto de venda, diante do consumidor. “Produto fora da gôndola é ruptura, pois não será vendido”, afirma.
Czapski, do ECR, concorda. “Estabelecer critérios de acompanhamento é essencial para combater a ruptura. Como saber que não há mais itens na prateleira? Além dos sistemas e softwares, funcionários têm que ter uma rotina para verificar o que está em falta. Às vezes a rotina é repor duas vezes ao dia, mas se o cliente procurar o produto e ele não estiver lá, o mal está feito”, diz.
É preciso considerar, também, que apesar de determinados produtos estarem em estoque, às vezes não estão na área de vendas porque há repositores mal treinados e também os que até agem de má-fé para prejudicar o concorrente, alerta Czapski. Às vezes, a desorganização na retaguarda com caixas abertas e dispostas na localização errada atrapalham muito a reposição.

“O estoque de prateleira deveria ser suficiente para atender até a reposição seguinte. Quanto menor for o espaço na área de vendas, mais frequente deve ser a reposição”, afirma.
“O fato é que ruptura é atestado de óbito, ou seja, venda não realizada”, define Czapski. E mesmo com índice de ruptura para balizar o setor, o varejista deve medi-lo loja a loja, motivo a motivo, sempre observando a prateleira. O produto nunca pode estar em outro local”, diz.
Ele pode experimentar outra marca, sem problema. Mas se for leite em pó para o filho e ele não encontrar a marca desejada, pode abandonar o carrinho e mudar de loja. “O peso da ruptura também depende de cada categoria e é preciso qualificá-la”,
Pesquisa: Gestão Informativo-Orus
Fonte: Abras