Todas as pessoas precisarão se reinventar várias vezes na vida
01/03/2018

Todas as pessoas precisarão se reinventar várias vezes na vida

Melhor forma de se preparar para as mudanças que estão por vir com as inovações tecnológicas é focar nas habilidades humanas, acredita especialista

Melhor forma de se preparar para as mudanças que serão causadas pela IA (inteligência artificial) é focar nas habilidades humanas. A afirmação é de Mathieu Le Roux, cofundador da Le Wagon Brasil, escola de programação para crianças e adultos. Ele participou de um painel realizado nesta quarta-feira (28/02) pela Insights Christiano Moreno e a HEC Paris, em São Paulo, sobre inteligência artificial. 

“Nossa capacidade de colaborar, criar e nossas loucuras irreconhecíveis para um algoritmo vão ser cada vez mais pertinentes e essenciais frente a um mundo onde tudo será automatizado”, afirma Mathieu Le Roux. “Precisamos focar no que os humanos sabem fazer de diferente”.

A opinião é semelhante a de Charles Monteux, vice-presidente da Afiniti, startup especializada em inteligência artificial. Para ele, a IA será usada no futuro para “expandir a capacidade humana”. “O que precisa para ter sucesso são características humanas. Criatividade, planejamento e empatia. "Essas habilidades vão colaborar para que homem e máquina trabalhem em parceria”, diz o especialista. “Precisamos adaptar as organizações, indivíduos e negócios para tirar o máximo proveito da tecnologia”.

Com essas mudanças provocadas pela transformação digital, o modelo atual de educação “não irá sobreviver”. É o que acredita Mathieu. “Pela aceleração da inovação, não é possível apenas pensar que basta formar alguém graduação após graduação e imaginar que aos 20 anos ele vai estar preparado para toda sua carreira”, diz o executivo. “Não é verdade. Em cinco anos, esses conhecimentos de hoje vão se tornar obsoletos. Todos vão ter que se reinventar várias vezes na vida, reaprender, aprender coisas novas ou reforçar sua formação”.

Mathieu acredita que os modelos atuais de aulas já não fazem mais sentido em um mundo em que os estudantes têm acesso a diversas fontes de informação. “Você não quer mais um professor que é o dono da verdade. Quer alguém que te apoie no processo de aprendizado. Tem escolas que matam a criatividade. É um fracasso enorme e vergonhoso. Tudo isso tem que ser reinventado. É preciso existir uma escola com muito mais liberdades e práticas diferentes”.

Os especialistas também comentaram a falta de profissionais capacitados para trabalhar no desenvolvimento e aperfeiçoamento de tecnologias de IA. Segundo Charles, esse problema deverá ser superado nos próximos anos. “Isso já aconteceu com outras tecnologias como Java e HTML. Os profissionais passam a ser bastante valorizados naquele momento, mas depois o mercado vai se normalizando. Acho que isso acontecerá novamente”.

Além disso, o mercado de inteligência artificial não precisa apenas de profissionais formados em ciências de dados, defende Mathieu. “Precisamos ter uma variedade de cursos. Não sei se eu faria um curso de dois anos de IA, mas certamente aprenderia a programar. Hoje, os especialistas são pessoas que tentam copiar o ser humano. Pessoas que entendem como funciona o cérebro para atentar replicar e entender como criamos conexões”.