Um olhar para o futuro
16/08/2010

Um olhar para o futuro

Tendências O presente aponta tendências importantes sobre o futuro de um setor. Falar sobre os próximos anos em qualquer segmento é tratar de temas como sustentabilidade, relações de consumo e a importância de analisar os diferentes estilos dos consumidores. Esses foram exatamente os assuntos abordados durante Fórum de Varejo 2010 do Walmart, que ocorreu na última quarta-feira, 10 de agosto. O evento marcou também os 15 anos de atuação da gigante do varejo no Brasil. Para abrir o dia de palestras, o economista e professor do Isper – Instituto de Ensino e Pesquisa, Eduardo Giannetti da Fonseca explanou sobre as perspectivas econômicas do mercado brasileiro. Para ele, o varejo desempenhou uma trajetória exemplar durante a crise impulsionado pelo fácil acesso ao crédito e a entrada massiva de novos consumidores da classe média no mercado. “Infelizmente, números como esses que o varejo vem apresentando não conseguem se sustentar por muito tempo”, alerta. Outra questão importante apresentada por Giannetti, que também se refletirá em uma forte tendência, diz respeito ao mote central do Fórum: a sustentabilidade. O economista discorreu sobre como no futuro os preços de todos os produtos e serviços serão impactados pela questão ambiental. “O custo relativo de tudo terá que mudar para refletir o ônus ambiental. O sistema de preço terá que internalizar, por exemplo, nas taxas de uma passagem aérea, o impacto ambiental que será causado pelo avião ao cruzar o País”, revela. O impacto das desigualdades no mercado A classe C hoje detém 45% da renda total do Brasil. “A amenização das desigualdades sociais no decorrer dos anos tornou a economia brasileira mais pujante.”Essa foi a conclusão do economista-chefe da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, durante sua palestra no Fórum do Varejo. Futuro do varejo Segundo dados apresentados por João Carlos Lazzarini, diretor de Retail Services da Nielsen Brasil, o varejo continua crescendo a todo o vapor. “As cestas de alimentos cresceram 6% em volume e 8% em faturamento neste ano”, revela. Segundo ele, os fatores que impulsionaram o crescimento do varejo são: as aquisições realizadas nos últimos anos, a expansão de lojas e o aquecimento dos multiformatos. Lazzarini ressaltou que o último fator vem crescendo em ritmo mais acelerado e intenso do que os dois primeiros, principalmente os formatos intermediários. “Mais de 50% dos consumidores usam metade de seu orçamento para realizar as compras de reposição”, conta. Esse tipo de situação reflete uma mudança no comportamento do consumidor que não vai repor itens de sua cesta em um hipermercado, mas opta pelo supermercado de vizinhança. Outro formato que vem apresentando forte crescimento é o atacarejo (cash and carry). A hipersegmentação é outra aposta do diretor de Retail Services da Nielsen. Cada vez maior de produtos e serviços para atingir consumidores com estilos de vida diferentes. “A cada ano, o varejo lança mais de dois mil novos itens para atender melhor as demandas desse público segmentado”, ressalta. Trading up/ trading down ‘Qual categoria de produtos o consumidor está disposto a pagar mais? Qual ele quer pagar menos?’. O conceito de trading up/ down está baseado justamente nessas questões. O estilo de vida dos consumidores e suas individualidades ganham cada vez mais força no varejo. “O ‘eu’ assume muita importância, já que os produtos e serviços servem cada vez mais para preencher os espaços emocionais das pessoas”, afirma Lazzarini. Vetores de crescimento de consumo O diretor de Retail Services da Nielsen Brasil apresentou ainda alguns vetores que disciplinam o consumo: 1- Praticidade e conveniência –produtos e serviços ligados a esses conceitos. 2- Faz bem – produtos e serviços ligados à saudabilidade. 3- Indulgências – pequenos prazeres, mimos que os consumidores se permitem de vez em quando. Hoje, com a sustentabilidade no foco de todos os setores, o consumidor também está mais informado e consciente do seu papel. O que faz o vetor ‘Faz bem’ crescer mais a cada momento.“Para essa nova classe média, o segundo fator mais respondido como uma das coisas que esse consumidor busca em uma marca é o respeito com as questões ecológicas e ambientais”, finaliza Lazzarini. Cerca de 35% das marcas que cresceram neste primeiro semestre ampliaram a linha no vetor ‘Faz bem’. Inclusive o próprio Walmart, que cresceu 41% por esse motivo. Walmart 2.0 Quando em 2008, o Walmart lançou sua loja virtual, a ideia era oferecer o preço mais baixo sempre e o mesmo nível de satisfação do consumidor da loja física para a compra virtual. Em dois anos de investimentos constantes, a loja online é hoje uma das quinze que levam o selo Diamente concedido pela e-bit, num universo de três mil lojas virtuais. A loja virtual do Walmart foi a primeira a ter um blog, a oferecer um sistema de busca parametrizada e nas redes sociais também procura inovar sempre. “Como são um universo muito fragmentado, a arte está em ser relevante para determinada tribo”, comenta Carlos Fernandes, vice-presidente administrativo do Walmart Brasil. Outra novidade dentro das redes sociais está no perfil do Twitter WamartAtende. Por meio dele o consumidor segue esse perfil até a solicitação ser atendida. “Foi algo ousado, mas que se torna um viral caso o assunto seja bem resolvido”, comenta Fernandes. Hoje, a loja online do Walmart possui dois milhões de clientes cadastrados. Fernandes lembra que a questão da fidelização em ambiente virtual tem outras particularidades. “Quando o consumidor compra com você, o varejista fica com os dados dele, email, telefone. O canal de comunicação está aberto, inclusive para eu me relacionar com ele no pós-venda. A questão da fidelização online passa também por essas vias”, ressalta. Vale a pena lembrar que o Walmart não trabalha com publicidade em grandes portais e mesmo assim consta entre os cinco maiores players do varejo.