Varejo nacional deve absorver alta na produção de carnes
27/09/2013

Varejo nacional deve absorver alta na produção de carnes

A produção de suínos no Brasil deve continuar crescendo acima dos 3% ao ano e deverá fechar 2013 com um volume de 3,618 milhões de toneladas produzidas, segundo projeção da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). O acréscimo é 3,67% acima do volume produzido no ano passado e deve ser absorvido principalmente pelo mercado interno, segundo o diretor executivo da associação, Fabiano Coser.
O consumo nacional já tem uma grande participação na demanda por carne suína que é produzida internamente. Nos últimos anos, a participação do varejo brasileiro tem sido de 85% de toda a produção nacional. No ano passado, o mercado interno consumiu 2,92 milhões de toneladas, ou 83,4% de toda a produção.
Porém, a ABCS indica que o consumo nacional ainda é insuficiente para atender à oferta que se projeta para os próximos anos. Para 2014, caso seja mantida a taxa de crescimento do setor, a suinocultura brasileira deverá produzir 3,751 milhões de toneladas.
O crescimento ocorrerá após dois anos de crise entre os suinocultores, que perderam suas margens no período por causa da alta no preço dos grãos, base da ração para os suínos, e da queda no preço pago ao produtor.
Em 2013, o cenário se inverteu. Enquanto no ano passado o produtor vendia 1 quilograma de suíno para comprar 6 quilogramas de milho, neste ano já é possível comprar até 9 quilogramas do cereal. Já o preço do suíno reagiu por causa da baixa oferta e já ultrapassa os R$ 3 entre os suinocultores associados à indústria. No primeiro semestre, os valores médios giraram em torno de R$ 3,10, enquanto em 2011 e 2012 os preços médios do primeiro semestre ficaram em R$ 2,50.
O resultado já se verifica no número de alojamentos, que tem alcançado os níveis de 2010 e início de 2011. "Estamos voltando a colocar a capacidade estática em pleno funcionamento. O animal que está sendo alojado agora será colocado no mercado só no ano que vem", explicou Coser.
Para garantir a absorção de todo o volume que o setor projeta produzir para os próximos quatro anos, Coser defende que os frigoríficos façam um esforço para aumentar o consumo de carne de porco no País.
Hoje, o suíno é a carne menos consumida pelo brasileiro. São 15,6 quilogramas por habitante ao ano ingeridas no Brasil. Esse volume não chega nem a um quarto da quantidade de carne consumida na ilha de Hong Kong em 2011, quando o consumo chegou a 66,5 quilogramas per capita ao ano.
Apesar da defasagem, o consumo interno tem crescido nos últimos cinco anos. Em 2007, cada brasileiro comia em média 13 quilogramas ao ano.
O diretor da ABCS estima que, para garantir um equilíbrio entre oferta e demanda até 2017, o consumo per capita no Brasil ainda terá que crescer 15% e chegar a 18 quilogramas per capita por ano em 2017. Para este ano, a expectativa é que a suinocultura brasileira produza 4,1 milhões de toneladas de carne.
Apesar desse potencial, Coser diz que o setor ainda aposta muito no mercado externo, onde há pouca margem para crescimento e alta competitividade com países mais estabelecidos no segmento de suínos, como Estados Unidos, Canadá e Dinamarca.
Exportação tem limite
A abertura do mercado japonês ao suíno brasileiro após sete anos de negociações produziu otimismo entre os produtores de Santa Catarina, onde oito frigoríficos foram autorizados para exportar ao país asiático. Porém, o novo mercado não se traduziu em números. Pelo contrário, até agosto, o volume de carne de porco exportada caiu 6,7% com relação ao mesmo período de 2012. Coser avalia que "a abertura do mercado japonês nos credenciou para a busca de novos mercados", mas disse que o mercado interno tem dado conta de manter a demanda em alta em um período de produção maior de suínos.