Veja o que cientistas estão desenvolvendo em busca da vaca do futuro
16/04/2014

Veja o que cientistas estão desenvolvendo em busca da vaca do futuro

Uma iniciativa da Casa Branca para o clima está incentivando uma busca quixotesca pela “vaca do futuro”, uma nova geração de animais cujas emissões de gases que provocam o efeito estufa serão reduzidas por pílulas anti-metano, scanners de arroto e mochilas coletoras de gás.
O dióxido de carbono produzido pelos combustíveis fósseis é o principal gás produzido pelo homem que contribui para o aquecimento do planeta, mas o metano é muito mais potente e nos Estados Unidos sua maior fonte está em seu rebanho de 88 milhões de cabeças de gado, que produzem mais que os aterros sanitários, os vazamentos e gás natural ou a exploração de gás por fraturamento hidráulico (“fracking”).
A administração Obama lançou no mês passado um plano para conter as emissões de metano, que deu uma nova relevância às tecnologias voltadas para a criação de gado que respeitam o meio ambiente, que vão de suplementos alimentares a testes de DNA de intestinos a tanques de gás que podem ser presos aos animais.
Juan Tricarico, diretor do projeto “Vaca do Futuro” no Innovation Center for US Dairy, um instituto de pesquisas de Illinois, diz que a iniciativa estimulou seus esforços para a criação da “estrela esportista” do mundo bovino. “Isso é muito encorajador para nós porque mostra que players importantes estão pensando de maneira parecida com a nossa”.
O metano responde por 9% das emissões de gases do efeito estufa dos Estados Unidos e ele não perdura no ar por tanto tempo como o CO2, mas tem um efeito de aquecimento global 20 vezes maior que o do CO2, segundo a Casa Branca.
No entanto, as barreiras financeiras estão dificultando a adoção de instrumentos que limitem a emissão de metano pelos rebanhos bovinos, como aconteceu com a tecnologia inicial para conter a poluição provocada pelas estações geradoras de energia e pelos automóveis. Os custos são proibitivos para os produtores de leite e pecuaristas de rebanhos de corte, e o tipo de pesquisa que poderia tornar esses instrumentos mais baratos exige financiamentos públicos.
A C-Lock, uma companhia de Dakota do Sul, vende uma estação de alimentação que fornece aos animais suplementos alimentares como o manjericão, para reduzir a produção de metano e medir o conteúdo do hálito dos animais por meio de sensores.
Patrick Zimmerman, o fundador da C-Lock, diz que os preços começam em US$ 45 mil, mas chama atenção para os benefícios econômicos proporcionados pela melhoria de eficiência. “De 3% a 15% da energia que os animais consomem são perdidos na forma de metano e isso é um desperdício”, diz.
No Instituto Nacional de Tecnologia Agrícola da Argentina, cientistas criaram mochilas que coletam gás por meio de tubos inseridos nos estômagos das vacas. Normalmente uma vaca emite de 250 a 300 litros de metano por dia e pesquisadores afirmam que isso poderia ser usado para mover um automóvel ou fazer funcionar uma geladeira, mas Jorge Antonio Hilbert, do instituto, diz que o uso dos tanques em grande escala é “totalmente improvável”.